Do portal NF Notícias
“A
gente ficou muito decepcionado com o que aconteceu porque a gente
chegou aqui com uma expectativa totalmente diferente, mas aí a gente foi
alvo de preconceito, foi alvo de racismo. Para o Brasil poder evoluir,
sair dessa sociedade medíocre, as pessoas primeiramente tinham que ter
respeito”, lamentou a estudante Ludimile Vitória Silva Lopes, do
Instituto Federal (IF) do Maranhão, no Nordeste do país.
Um grupo
de alunos veio ao IFF de Campos para apresentar a aula de tambor de
Criola e o projeto de dança Afrodance, dentro do III Encontro Nacional
de Núcleo e Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI).
Depois de três dias de viagem eles encontraram uma realidade completamente diferente, como contou Ludimile
“A
gente saiu do Maranhão com toda a responsabilidade de vir pra cá e
apresentar os nossos trabalhos, chegar aqui e ser bem recebidos. Quando a
gente chegou ao campus, nós fomos bem recebidos pelo pessoal que
administra, mas não por parte dos alunos. Fomos taxados como macacos,
como macumbeiros, começaram a dizer que o campus
agora estava
ameaçado porque estava cheio de maranhense. A gente no começo relevou,
mas até que aconteceu uma situação ontem quando a gente chegou para
jantar. A portaria era livre, mas logo colocaram pra pegar os nomes de
quem estava chegando e na hora que a gente entrou e foi no balcão pra
pegar nossa sopa, disseram que só tinha pão e aí a gente olhou para trás
e os alunos estavam todos rindo de nós”, lamentou.
A estudante
explicou como foi o posicionamento da direção do instituto. “Nossos
orientadores foram à direção. Inclusive, eu achei o diretor muito bem
receptivo e muito bem educado. Ele atendeu a todos nós e ficou muito
abalado com o que aconteceu, ele se emocionou, pediu desculpas por todo
campus”, revelou.
Diante da situação, o retorno deles foi
adiantado para esta quinta-feira (09/11), às 22h. Entramos em contato
com a assessoria da instituição para saber quais providências serão
tomadas e aguardamos retorno.
Reitor chora
Após a enorme repercussão
negativa provocada por atos racistas no Campus do IFF, em Campos, o
Reitor do Instituto Federal Fluminense, Jefferson Manhães, gravou na
tarde desta quinta-feira (09) um vídeo em que aparece extremamente
constrangido com a violência psicológica
sofrida por estudantes do
Maranhão, que estão no município e participam, a convite do IFF, do III
Encontro Nacional de Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas
(Enneabi).
No vídeo, o Reitor do IFF chora e se desculpa em nome da instituição.
“Quero
inicialmente dirigir essas palavras aos nossos queridos estudantes do
Instituto Federal do Maranhão. Quero pedir desculpas (pausa para choro).
Desculpas porque o que aconteceu não representa a comunidade de
estudantes e de servidores do Instituto Federal Fluminense. A nossa
comunidade está bradando em sons bem altos que não admitimos o
desrespeito e a não valorização da riqueza, da diversidade, da
possibilidade de crescimento conjunto e de mãos dadas”, diz trecho do depoimento de Jefferson Manhães.
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