O
procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal
Federal (STF) na tarde desta sexta-feira a abertura de um inquérito
criminal para apurar os "fatos narrados e as declarações" apresentadas
mais cedo pelo agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio
Moro, segundo comunicado publicado pela instituição.
Segundo
a PGR, o pedido de inquérito pretende apurar a eventual ocorrência, em
tese, dos crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo,
advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de justiça, corrupção
passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.
"A
dimensão dos episódios narrados revela a declaração de ministro de
Estado de atos que revelariam a prática de ilícitos, imputando a sua
prática ao presidente da República, o que, de outra sorte, poderia
caracterizar igualmente o crime de denunciação caluniosa", aponta o
procurador-geral, segundo o comunicado.
Aras
quer que Moro apresente uma "manifestação detalhada sobre os termos do
pronunciamento, com a exibição de documentação idônea que eventualmente
possua acerca dos eventos em questão".
"Uma
vez instaurado o inquérito, e na certeza da diligência policial para o
não perecimento de elementos probatórios, o procurador-geral da
República reserva-se para acompanhar o apuratório e, se for o caso,
oferecer denúncia", conclui Aras, no pedido.
Se não
houver indícios que sustentem os fatos apresentados por Moro, o próprio
ex-ministro poderá ser alvo de uma investigação por denunciação
caluniosa -- crime em que uma pessoa imputa a outra fato inverídico,
segundo a assessoria da PGR.
Em
pronunciamento no ministério, Moro afirmou que na véspera, em reunião
com Bolsonaro no Palácio do Planalto, o presidente o avisou que queria
mudar o comando da PF usando como uma das alegações preocupação com o
andamento de investigações autorizadas pelo Supremo que serão conduzidas
pela corporação. Nesse encontro, Bolsonaro disse a Moro que iria trocar
o diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo.
No
pronunciamento, de cerca de 40 minutos, Moro contou que, em mais de uma
ocasião, Bolsonaro disse-lhe que queria que fosse escolhido um
diretor-geral da PF com o qual ele pudesse ter um contato pessoal, "que
pudesse ligar, colher informações, relatórios de inteligência".
Considerou que realmente não é esse o papel apropriado que a polícia
deve se prestar.
DoTerra
Nenhum comentário:
Postar um comentário