Não esqueça, Vargem Grande, Que ainda há salvação.

( Carlos Melo ) Escrito em 1986
Vargem Grande de sonhos e ilusões,
Quero pisar teu calçamento,
Avistar teus quarteirões
E destruir teu sofrimento
Minha humilde cidade,
Tu és um pedaço do mundo
Que vive da crença e da fé
Que temos por São Raimundo
Tu és cercada por morros,
Pela fome e corrupção,
Que cercam, também, a fé
No padroeiro São Sebastião
Ó cidade abandonada!
Esvaindo-se em regresso,
Te olho e não vejo nada
Muito menos o progresso
Tu és um amontoado de casas
Sem progresso, sem ordem, com nada;
Hoje percebo, Vargem Grande,
Que foste jamais governada
Ó cidade desgraçada!
De povo fraco e explorado,
Que assiste ao teu massacre
E não reage por ser encabrestado
Teu consolo é a esperança
Por uma real solução.
Portanto, não esqueça, Vargem Grande,
Que ainda há salvação.