A série de revelações comprometedoras
para as principais figuras da política nacional, no âmbito da Operação
Lava Jato, ganhou mais um capítulo com a delação do ex-presidente da
Transpetro, Sérgio Machado, alvo da investigação ligado à cúpula do PMDB
no Senado. Em sua colaboração com a Justiça, Machado, que foi mantido
pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por mais de 20
anos à frente da subsidiária da Petrobras, disse ter arrecadado e
repassado ao menos R$ 70 milhões a caciques peemedebistas nos últimos
anos.
Além de Renan, contemplado com R$ 30
milhões, o ex-presidente da República José Sarney e o senador Romero
Jucá (PMDB-RR), ministro do Planejamento por 12 dias no governo interino
de Michel Temer, receberam R$ 20 milhões cada – segundo o ex-dirigente,
o montante foi desviado por meio de movimentações financeiras entre a
Transpetro e a petrolífera. Considerado uma das principais peças do PMDB
no setor petrolífero, Machado foi líder do PSDB no Senado antes de
mudar de partido e, em recente transcrição de conversa telefônica, disse
que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) “vai ser o primeiro a ser comido”
pela Lava Jato.
O trecho da delação premiada, já
devidamente homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori
Zavascki, relator dos inquéritos da Lava Jato na corte, foi publicada na
noite desta sexta-feira (3) no site do jornal O Globo. Ao veículo de
imprensa, Renan negou ter recebido dinheiro de Machado – com quem foi
flagrado, como mostraram reportagens do jornal Folha de S.Paulo, em
conversas telefônicas em que a Lava Jato foi o assunto central.
“Jamais recebi vantagens de ninguém.
Sempre tive com Sérgio Machado uma relação respeitosa e de Estado. Nunca
indiquei ninguém para a Petrobras e nem para o setor elétrico”,
declarou Renan, apesar das evidências reunidas pelos investigadores.
Sarney e Jucá também figuram como
interlocutores de Machado nas conversas telefônicas, gravadas pelo
próprio ex-presidente da Transpetro. O senador de Roraima, que foi
exonerado do Planejamento justamente pela publicação dos diálogos, chega
a dizer em um deles que o impeachment da presidente Dilma Rousseff era
visto pelo grupo de Michel Temer como a única maneira de “estancar a
sangria” da operação – que já levou para a cadeira diversos operadores
do esquema de corrupção e transformou em réu o presidente afastado da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o primeiro investigado com foro
privilegiado a virar alvo de ação penal no STF.
Congresso em Foco
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