Pelo menos seis homens, pertencentes à facção criminosa Primeiro Comando
da Capital (PCC), foram identificados como os responsáveis pela
rebelião que destruiu parcialmente a Penitenciária Estadual de Alcaçuz e
o Pavilhão Rogério Coutinho Madruga, na região metropolitana de Natal. A
rebelião foi controlada no início da manhã deste domingo, 15, por
policiais militares e agentes penitenciários. Há ao menos dez detentos
mortos.Em
coletiva de imprensa realizada no final da manhã deste domingo, o
secretário de Estado da Justiça e da Cidadania do Rio Grande do Norte,
Wallber Virgolino Ferreira da Silva, afirmou que a rebelião foi a maior
já registrada no complexo prisional, fundado no final da década de 1990.
“É a maior rebelião em número de mortos, mas não iremos superar
Roraima”, afirmou o secretário.
Segundo a secretaria, o governo deve pedir a transferência dos líderes
para presídios federais. O objetivo é enfraquecer possíveis reações dos
detentos. Outros detentos seriam transferidos ainda neste domingo para
outras unidades prisionais.
Desde março de 2015, o sistema prisional potiguar enfrenta uma séria
crise estrutural. A população carcerária do Estado gira em torno de
7.700 pessoas. O déficit de vagas se aproxima das 4.000.
O secretário de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social, Caio
Bezerra, destacou que a ação de retomada de controle da unidade
prisional foi positiva. “Os presos não reagiram e estamos avançando na
contenção de todos os pavilhões”, frisou. Ele também evitou falar no
número de mortos, mas destacou que todas as informações serão repassadas
no momento oportuno. Outra coletiva de imprensa será realizada no fim
da tarde deste domingo para atualização dos dados.
Reconhecimento
O Rio Grande do Norte não dispõe de um Instituto Médico Legal (IML), mas
sim de um Instituto Técnico de Perícia (Itep). Todos os corpos a serem
recolhidos da Penitenciária de Alcaçuz serão transferidos para a sede do
Itep, situada na zona portuária de Natal, cerca de 25 quilômetros
distante do presídio. Uma força tarefa foi montada para a identificação
das vítimas fatais.
“Teremos três legistas, cinco necropapiloscopistas, três odontologistas
legais e quatro peritos criminais que irão fazer a perícia no local do
crime. Já alugamos uma câmara frigorífica para a acomodação dos corpos”,
disse o diretor do Itep, Marcos Brandão. A sede do órgão, fundado há
mais de 70 anos, não dispõe de estrutura capaz de receber elevado número
de cadáveres.
Para o atendimento aos familiares dos presos mortos, uma central de
informações com atendimento de psicólogos e assistentes sociais será
montada nas proximidades do Itep. Até o início da tarde deste domingo,
nenhum dos corpos das vítimas da guerra de facções no Estado potiguar
havia sido recolhido da Penitenciária de Alcaçuz. “Tem muita
decapitação. Precisamos identificar todos as cabeças e corpos para
depois remontá-los”, disse Marcos Brandão.
O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), não participou da entrevista.
(Com Estadão Conteúdo)
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