segunda-feira, 18 de abril de 2016

Um circo de horrores na Câmara Federal

Na noite desse domingo (17), o fato mais importante dos últimos 23 anos era debatido na Câmara Federal, ou ao menos, era o que se esperava. A votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff foi reduzido ao menor dos nossos problemas assim que os deputados começaram seus discursos.
 
Esquecendo a real motivação da votação, os parlamentares homenagearam suas mães, filhos, e até, os aniversários de familiares. A atitude virou motivo de chacota nas redes sociais.  Mas não parou por ai, deputados eleitos pelo voto popular, defenderem em suas palavras, “o fim da rentabilização de desocupados e vagabundos”, o populismo, que é para entendimento, um governo voltado a atender as necessidades das famílias de baixa renda.
 
A homofobia, xenofobia, machismo, sexismo e o racismo voavam das bocas dos parlamentares como navalhas e eram comemoradas por seus colegas como gols de final de copa do mundo.
 
Entre os absurdos que merecem destaque estão os que votaram SIM, por serem  contra a educação sexual para as crianças nas escolas, contra a mudança de sexo, contra o casamento gay. Mas o troféu de escória da humanidade vai para o deputado Jair Bolsonaro (PSC), com um discurso de causar inveja a Adolf Hitler e Benito Mussolini, o deputado deu parabéns a Eduardo Cunha, elogiou os militares do golpe e dedicou o voto ao coronel Carlos Alberto Ustra. Ustra foi responsável pela morte de pelo menos 50 pessoas nos porões do órgão de repressão montado pelo governo brasileiro durante o golpe militar de 64. O comandante também foi responsável por torturar a presidente Dilma com choques, socos e abusos sexuais. O discurso de Bolsonaro foi ovacionado por deputados que, tenho certeza, não representam ninguém a não ser o anjo decaído.
 
Jean Wyllys, indignado, cuspiu. O resto da população teve vontade de vomitar. A ânsia e o escárnio ainda não passaram. Somos bobos da corte assim como Tiririca. O motivo de tanta risada somos nós. Somos piadas prontas, lutando uns contra os outros como se fossemos inimigos mortais. Como se o poder estivesse em nossas mãos. Somos marionetes sem cordas em um impeachment predestinado pelo golpe. O futuro do Brasil é mais preocupante que a saída do PT do poder. No circo de horrores montado no plenário da Câmara no domingo, quem carregava o nariz vermelho era o povo brasileiro.
 
*Chayenne Guerreiro é repórter da editoria de política do Bocão News

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