Na noite desse domingo (17), o fato mais importante dos últimos 23 anos
era debatido na Câmara Federal, ou ao menos, era o que se esperava. A
votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff foi reduzido ao
menor dos nossos problemas assim que os deputados começaram seus
discursos.
Esquecendo a real motivação da votação, os parlamentares homenagearam
suas mães, filhos, e até, os aniversários de familiares. A atitude virou
motivo de chacota nas redes sociais. Mas não parou por ai, deputados
eleitos pelo voto popular, defenderem em suas palavras, “o fim da
rentabilização de desocupados e vagabundos”, o populismo, que é para
entendimento, um governo voltado a atender as necessidades das famílias
de baixa renda.
A homofobia, xenofobia, machismo, sexismo e o racismo voavam das bocas
dos parlamentares como navalhas e eram comemoradas por seus colegas como
gols de final de copa do mundo.
Entre os absurdos que merecem destaque estão os que votaram SIM, por
serem contra a educação sexual para as crianças nas escolas, contra a
mudança de sexo, contra o casamento gay. Mas o troféu de escória da
humanidade vai para o deputado Jair Bolsonaro (PSC), com um discurso de
causar inveja a Adolf Hitler e Benito Mussolini, o deputado deu parabéns
a Eduardo Cunha, elogiou os militares do golpe e dedicou o voto ao
coronel Carlos Alberto Ustra. Ustra foi responsável pela morte de pelo
menos 50 pessoas nos porões do órgão de repressão montado pelo governo
brasileiro durante o golpe militar de 64. O comandante também foi
responsável por torturar a presidente Dilma com choques, socos e abusos
sexuais. O discurso de Bolsonaro foi ovacionado por deputados que, tenho
certeza, não representam ninguém a não ser o anjo decaído.
Jean Wyllys, indignado, cuspiu. O resto da população teve vontade de
vomitar. A ânsia e o escárnio ainda não passaram. Somos bobos da corte
assim como Tiririca. O motivo de tanta risada somos nós. Somos piadas
prontas, lutando uns contra os outros como se fossemos inimigos mortais.
Como se o poder estivesse em nossas mãos. Somos marionetes sem cordas
em um impeachment predestinado pelo golpe. O futuro do Brasil é mais
preocupante que a saída do PT do poder. No circo de horrores montado no
plenário da Câmara no domingo, quem carregava o nariz vermelho era o
povo brasileiro.
*Chayenne Guerreiro é repórter da editoria de política do Bocão News
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