sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Jovem é mantida em cárcere privado pelo pai ao contar que namora mulher

Pedro Santiago Do G1 PI
Policiais foram resgatar vítima de 19 anos após 27 dias presa em casa. Jovem denunciou violência física e psicológica praticada pelo pai.
Vítima tirou fotos de marcas que seriam de uma surra dada pelo pai, em Teresina (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
foto_1_2Uma jovem de 19 anos ficou 27 dias em cárcere privado após contar aos seus pais que é homossexual. A vítima foi libertada nesta quinta-feira (15) pela Polícia Civil, que vai abrir inquérito para apurar o caso, ocorrido na capital Teresina.
Segundo informações do delegado de direitos humanos, Emir Maia Martins, ao saber que a filha namorava outra garota, o pai ficou inconformado, tomou os documentos, o cartão de crédito e o celular da filha e a isolou em um cômodo da casa.
“Quem realizou a denúncia foi a namorada da jovem, que nos procurou para relatar o caso e também denunciar o pai da jovem, que a ameaçou de morte. A vítima pediu ajuda à polícia e dois agentes foram até a casa dela, localizada no bairro Matinha (Zona Norte). Ela foi levada à delegacia onde confirmou o cárcere e ainda deu conta sobre espancamentos e ameaças”, afirmou o delegado.
Ainda de acordo com Emir Maia, os pais foram à delegacia acompanhados de um advogado, mas ainda não prestaram depoimento. “O pai da vítima estava muito alterado com toda a situação. Ele não aceita que a filha goste de mulheres. Nós o acalmamos e devemos pegar seu depoimento na próxima semana”, disse.
Cárcere
Segundo a polícia, o pai da vítima a manteve sempre dentro de um quarto, sem contato com ninguém. Ela só podia deixar a casa na companhia dos pais. A jovem conseguiu manter um celular escondido e com ele mandava notícias para a namorada, que levou o caso à polícia.
“No mesmo dia em que o pai soube, em 19 de dezembro, ele começou a espancá-la, assim como a injuriar a companheira e a ameaçá-la. Vou abrir inquérito para investigar a fundo essa história, até porque talvez se configure um crime de tortura. Vamos também dar atenção à namorada da vítima, já que ela foi ameaçada de morte”, afirmou o delegado.
Carmen Lúcia, coordenadora geral do Matizes (Foto: Catarina Costa/G1)
Carmen Ribeiro, coordenadora geral do Matizes
(Foto: Catarina Costa/G1)
Abrigo
A jovem foi encaminhada para o Grupo Matizes, entidade que defende os direitos LGBT. Ela foi levada à Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e de Assistência Social (Semtcas) para que seja providenciado um local onde possa ficar.
Segundo a coordenadora do grupo, Carmen Ribeiro, a jovem se recusa a voltar para a casa dos pais.
“Não existe possibilidade de ela voltar para a casa dos pais. Ela é maior de idade e pode decidir para onde vai. Vai ser designado um local onde ela possa ficar protegida, com sua integridade física e moral preservadas”, afirmou Carmen.Fonte: http://portalcoelhoneto.com

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